sexta-feira, 6 de agosto de 2010

sob nova direção

de mala e cuia para ninatome.tumblr.com

quinta-feira, 22 de julho de 2010

- você precisa de mim?

eu não soube responder.
pensei disse acreditei
não tenho medo da moça. e não tenho medo de te perder.

(mas de repente isso se tornou iminente)

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Do ego dos amantes.

- Se trocássemos cartas, será que publicariam?
- Post mortem, acho que sim.

Diálogo # 2

(ela está jogada entre os lençóis; ele corre por toda a parte, atrasado.)

- você acha que vou de ônibus ou de bicicleta? acho que vai chover...
- você tem filhos?
Ele sorri.
- por que tá me perguntando isso?
- porque é possível.
- eu tenho cara de ter filhos?
- não.
- é, não tenho. - pausa - por que isso agora?
- nada. - pausa - você não me conhece.
- eu não te conheço? como, não conheço?
- assim. não conhece.
Ele se senta na beirada da cama.
- então, me conta.
- ah, sei lá. deixa.
- tá bom.
- eu amo a rússia.
- o quê?
- você não sabe que eu amo a rússia.
- hum...
- tá rindo de quê?
- eu também amo a rússia.
- mentiroso.
- é sério! conheci um dia um xamã russo que me ensinou uns cantos xamânicos, umas músicas folclóricas russas. quer ouvir? ó:
Ele começa a cantar.
- mentiroso.
- é verdade! e você?
- eu o quê?
- o que você gosta na rússia?
- tudo.
- há, eu gosto muito mais da rússia do que você.
- pára, claro que não!
- então fala! o que você tanto gosta na rússia?
Ela se desespera.
- sei lá, poxa! eu gosto de tudo o que há para se gostar na rússia.
- tucana.
- imbecil. tá rindo do quê, porra?
- você ficou brava só porque eu amo a rússia e você não?
- eu tenho ciúme da rússia.
- você é linda.
- vá à merda.
- ok, você venceu. você é a pessoa que mais ama a rússia nesse mundo. você é a chefe do fã-clube eslavo-soviético.
- eu detesto sua condescendência.
- o que você quer que eu diga?
- nada. fica quieto.
Ele se levanta. Ela recomeça:
- o que você ama mais do que a rússia?
- nada. você.

para constar.

Você me diz que é "escrito nas estrelas".
Eu respondo que isso é muito brega, e logo depois me calo. Não me livraria de você se quisesse.
Há algo de muito impertinente em nossa insistência.
E às vezes acho que não lê o roteiro direito.

- é que temos uma história a zelar.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

(de certas violências)

Eu me orgulho dos hematomas de sexo, tal como cicatrizes de guerra. E das pernas doloridas, da pele lenhada, dos cabelos mal-feitos; as borras de batom.
Eu, aprumada diante da cama quebrada, onde arfa seu peito cansado, seu corpo caído, derrotado. Seu corpo é um território conquistado.
Eu, de pé, majestosa. Eu, forte com a certeza da vitória. Como um general, temeroso por desempenho, ansioso por mérito. Um general hipócrita, recém-tornado pacifista, que tenta ganhar seu público com todo tipo de agrado - Porque sabe que, se der sorte, certamente haverá uma insurreição.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

você não entende nada.

Quando eu te ligo perguntando onde você está, não é pelo poder de te censurar, não é porque suspeito de qualquer coisa. Eu quero saber se está nas redondezas, porque quero trepar com você.
Quando eu te ligo e quero saber o que está fazendo, não é porque sou carente e sinto saudades ou mesmo porque acreditaria na sua resposta. É porque, se você estiver livre, seria legal trepar com você.
Quanto eu pergunto se está acompanhado, de forma alguma estou cobrando sua fidelidade, ou achando que me deve alguma fidelidade ou ligando para alguma dessas coisas. É simplesmente porque, se não estiver comendo outra pessoa, eu gostaria de trepar com você.
Quando você é escroto comigo, eu não me importo, não vou deixar de ligar. Não quero jogar com você, e nem mesmo te conquistar. O que eu quero mesmo é trepar com você.

- e quando você me pergunta o que eu quero que você faça, eu não respondo, mas esse é um pudor puramente semântico.